Nós Somos...

Nós Somos...

Por todas as vidas que um dia conhecemos e de alguma forma ajudamos a Recuperar.Por todos aqueles que nos apoiam e sempre nos apoiaram de alguma forma, provando que também acreditam na Recuperação.Por todos amigos que fizemos, que estiveram e que ainda estão conosco nesta árdua caminhada.Por um mundo sem o flagelo de uma grande infelicidade, que assola a humanidade nos dias de hoje e que se chama “DROGA”.Por todos aqueles que partiram sem vislumbrar a Luz da Recuperação.Por toda ESPERANÇA, todo AMOR e toda em um mundo LIMPO, onde prevalecerá a dignidade e o respeito pela vida.

Por Hoje... e Só por Hoje;

Somos a Raios de Sol; sempre acreditando que Viver, Vale a Pena!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

EXEMPLO EXPERIÊNCIA ATITUDE

DIÁRIO DA DESINTOXICAÇÃO / 52 DIAS SEM ÁLCOOL

A EMOCIONANTE CAMINHADA DE TICO SANTA CRUZ 



São 4 e pouco da manhã e escolhi vir para o meu quarto do hotel tentar descansar um pouco. A festa continuou, mas estou melhor aqui. Nesse momento é isso que quero viver e é o que me cabe.
Algo mudou nesses dois dias que passaram. Consegui fazer os shows e me divertir, de uma forma diferente mas não menos divertida. Acredito que tenha encontrado uma equalização que esteja me proporcionando essa sensação boa.
Já tem 52 dias que não uso nada. Em 52 dias vim percebendo muitas questões que estavam passando pela minha vida e não parava para reparar. Mas não sinto absolutamente nenhum arrependimento, nem por ter vivido as coisas que vivi e nem por ter optado por dar um tempo e mudar um pouco a lente de visão do que me cerca.
Muitas pessoas vem me falar que estão acompanhando esse diário. Muitas outras dizendo que passaram a buscar também, junto comigo, essa percepção de que vale a pena equilibrar um pouco o organismo, o espírito, o comportamento, para se buscar uma qualidade de vida melhor. Muito mais gente que imaginava.
Me param nas ruas, na academia, após os shows e perguntam se tenho conseguido me manter limpo e acho que por si só minha expressão física demonstra a realidade.
Um amigo me falou hoje "o legal de você estar colocando isso publicamente é porque você não está falando para as pessoas o que elas devem fazer, você está fazendo" - isso foi uma observação muito interessante. Ainda mais num mundo onde as pessoas estão sempre falando mais do que fazem. Fiquei pensando sobre isso e me deu ainda mais vontade de seguir fazendo o que realmente falo, sempre fui assim…
O meu editor sugeriu que eu escrevesse um livro sobre este processo, mas fiquei com medo de que isso pudesse gerar nas pessoas um sentimento de cobrança depois. Se por ventura em algum momento eu decidir voltar a beber, alguns pudessem interpretar isso de forma equivocada.
Então eu decidi rascunhar algo sobre como comecei a me relacionar com estas questões desde a minha adolescência.
Sobre como meus pais lidavam com isso. Sobre nossos diálogos, o conhecimento que recebi, a percepção que me foi passada, sem hipocrisias, sem culpas, sem chavões que nublam mais do que esclarecem essas relações, com álcool e drogas em geral.
Fui lembrando de um monte de histórias e ainda estou registrando isso. Não é uma biografia, pois minha vida não se resume a estes fatos. Tão pouco se parece com alguns livros de outros artistas que já li, pois eles precisaram chegar ao fundo do poço para entenderem que é preciso ter cuidado, consciência, disciplina e responsabilidade para lidar com as consequências de suas escolhas. Eu nunca precisei chegar no fundo do poço para perceber isso.
Creio que muito das abordagens dadas a este assunto sempre se tornam de alguma forma depoimentos de gente arrependida, com lições de moral, um desejo de pregação do que é certo e do que é errado e uma coleção de momentos ruins que estão diretamente ligados com os exageros sem limites.
Minha função está longe de ser esta.
Talvez o que eu escreva sirva para uma pessoa que queira se observar e escolha dar um tempo com relação ao que considere exagero. Talvez essa pessoa não consiga parar um pouco porque não se permite pensar que as coisas possam ser apenas por algum tempo - quando alguém gosta muito de algo e dizem que ela precisa parar para sempre, isso pode assustar e fazer com que o indivíduo não experimente a pausa. E talvez quando essa pessoa se permita experimentar esse intervalo ela perceba mais na frente que não quer mais voltar a cometer exageros, talvez algumas decidam até em parar definitivamente.
Mas como sempre preciso deixar claro, isso não serve para dependentes químicos. Dependentes químicos precisam de TRATAMENTO acompanhado por profissionais e antes de qualquer coisa, precisam perceber e desejar a ajuda, caso o contrário de nada adiantará qualquer esforço.
Então com quem estou falando?

Estou falando com você que não é dependente químico, mas que vem exagerando e vem sentindo que o corpo está dando sinais de excesso.
Na semana passada refiz meus exames de sangue. No início do meu processo de desintoxicação, meu médico verificou que meu rim estava prejudicado. Não estava atuando com a capacidade de filtragem adequada.
Quando é que eu descobriria isso se não tivesse escolhido me olhar um pouco melhor?
Talvez muitas pessoas estejam com problemas reversíveis mas nem tenham se dado conta de que precisam fazer estes exames. Não é raro que só percebam o dano depois que ele já está em estágio avançado.
Pois bem, meu rim estava com a creatinina alta, por conta não só do ÁLCOOL, mas porque eu usava uma suplementação para poder me exercitar na academia e essa suplementação também causa danos.
Tem muita gente forte, bonita, sarada, usando um monte de coisas e nem sabe como isso rebate dentro do organismo.
Parei de fazer uso dessa suplementação e meu médico mudou para outras substâncias que poderiam me ajudar a treinar de forma adequada. O fato de ter parado de beber por esse tempo também colaborou e agora no último exame que fiz o resultado saiu melhor. Voltei para o nível saudável, mas ainda preciso manter isso por algum tempo, então resolvi que não vou ficar só 90 dias, vou ficar o tempo que eu achar que estou bem sem precisar de nada. E quando decidi retornar com o que eu quiser fazer uso, que seja de uma forma diferente da de antes.
Isso só saberei quando resolver que vale a pena e que estou pronto para lidar com essa nova postura.
Não quero em momento algum com meus relatos fazer algum tipo de apologia a drogas, álcool, loucuras e diversões que muito me entreterão. Mas não vou agir como um hipócrita que vive negando os prazeres que teve com o que usou.
Eu assumo que existem muitos prazeres, mas reconheço que as consequências podem ser desastrosas sem consciência e equilíbrio e acho essa visão mais justa com quem está lendo do que culpabilizar ou criminalizar aquele que faz uso.
Continuarei meus relatos e seguirei escrevendo o rascunho do que pode vir a ser um livro, mas só publicarei se estiver muito certo de que de fato isso possa ajudar outras pessoas. Não tenho interesse nenhum em fazer sensacionalismo com esse assunto.
São 5 horas da manhã, VOU ME DEITAR, TRANQUILO, LIMPO, SÓBRIO, LÚCIDO E CONSCIENTE de que encontrei uma equalização que me diverte nesse momento e nela seguirei adiante…


FONTE: 

www.facebook.com/vencendooalcoolismo.com.br

sábado, 14 de fevereiro de 2015

COMUNIDADES TERAPÊUTICAS
O Diferencial é a Flexibilidade

O livro de Frederich B. Glaser: "As origens da Comunidade Terapêutica sem drogas: uma história retrospectiva", defende a idéia de que elas existem há mais de dois mil anos.

Uma comunidade de essênios em Qumran, que reunia pessoas com "problemas da alma" (temores, angústias, descontroles emocionais, paixões desvairadas), tinha uma "Regra da Comunidade" ou "Manual de disciplina", muito parecido com as normas existentes em nossas Comunidades Terapêuticas.
Mais tarde movimentos registrados na Inglaterra e nos E.E.U.U. (Grupos Oxford, A.A., Sijnanon e Day Top), apresentavam todos uma clara motivação ética e espiritual e, até hoje, influenciam uma parcela considerável de Comunidades Terapêuticas em todo o mundo. Em 1953 o psiquiatra escocês Maxwell Jones propôs o que foi denominada de "3ª Revolução na Psiquiatria". 
A Comunidade Terapêutica proposta diferia em tudo dos hospitais psiquiátricos então existentes. Estes apresentavam uma estrutura rigidamente hierarquizada e que atuava de modo autocrático. Havia muito pouca comunicação entre as pessoas dos diferentes níveis e uma passividade dos internos, mantidos na ignorância do que se passava ao seu redor e, principalmente, em relação ao seu tratamento.

A proposta de Maxwell Jones, realmente revolucionária, era a de democratizar essa estrutura diminuindo drasticamente a separação entre os diferentes níveis, estimulando a comunicação entre todos os membros, incluindo todos (inclusive o ambiente) no processo terapêutico, fazendo com que os internos participassem da condução do dia-a-dia da Comunidade. As Assembléias Gerais com a participação dos internos, todos com o direito de perguntar e de expor suas idéias, garantiam a manutenção dos objetivos propostos.

Os resultados alcançados foram bons, mas a prática indicou algumas correções de rumo, sem prejuízo das diretrizes básicas. Maxwell Jones havia ressaltado a participação ativa dos internos na própria terapia, a comunicação social democrática e igualitária, o envolvimento de sentimentos, permitindo a redução de tensões sociais.

Elena Goti, em 1997, lembrando que a CT não se destina a todo tipo de dependente, diz que ela deve ser aceita voluntariamente e que o residente é o principal ator de sua cura, ficando a equipe com o papel de proporcionar apoio e ajuda.
George De Leon, em 2000, enfatiza que a CT é uma abordagem de auto-ajuda, fora das correntes psiquiátricas, psicológicas e médica. Fala sobre a natureza terapêutica de todo o ambiente, sobre sua grande flexibilidade, no enfoque da pessoa como um todo e diz que é um processo a longo prazo, que deve resultar em mudança pessoal e no estilo de vida. Finalmente, adverte sobre o perigo de serem introduzidas práticas que contrariem a essência da proposta da CT.

A Comunidade Terapêutica para o dependente químico, graças à sua grande flexibilidade tem sido adotada em países com diferentes formas de governo, de culturas diversas, de vários graus de desenvolvimento e de religiões diferentes. Quando seus princípios básicos são respeitados os resultados obtidos são bons, o que explica sua multiplicação constante em todos os continentes.

FONTE:
http://www.febract.org.br/
Bibliografia Básica
1. DE LEON, George. A Comunidade Terapêutica: Teoria, Modelo e Método. Ed. Loyola, 2003;
2. FEBRACT. Drogas e Álcool - Prevenção e Tratamento. Ed. Komedi, 2001;
3. GOTI, M.E. La Comunidad Terapéutica - Um desafio e la droga. Ed. Nueva Vision, 1990.