COMUNIDADES TERAPÊUTICAS
O Diferencial é a Flexibilidade
O livro de Frederich B. Glaser: "As origens da
Comunidade Terapêutica sem drogas: uma história retrospectiva", defende a
idéia de que elas existem há mais de dois mil anos.
Uma comunidade de essênios em Qumran, que reunia pessoas com
"problemas da alma" (temores, angústias, descontroles emocionais,
paixões desvairadas), tinha uma "Regra da Comunidade" ou "Manual
de disciplina", muito parecido com as normas existentes em nossas
Comunidades Terapêuticas.
Mais tarde movimentos registrados na Inglaterra e nos
E.E.U.U. (Grupos Oxford, A.A., Sijnanon e Day Top), apresentavam todos uma
clara motivação ética e espiritual e, até hoje, influenciam uma parcela
considerável de Comunidades Terapêuticas em todo o mundo. Em 1953 o psiquiatra
escocês Maxwell Jones propôs o que foi denominada de "3ª Revolução na
Psiquiatria".
A Comunidade Terapêutica proposta diferia em tudo dos
hospitais psiquiátricos então existentes. Estes apresentavam uma estrutura
rigidamente hierarquizada e que atuava de modo autocrático. Havia muito pouca
comunicação entre as pessoas dos diferentes níveis e uma passividade dos
internos, mantidos na ignorância do que se passava ao seu redor e,
principalmente, em relação ao seu tratamento.
A proposta de Maxwell Jones, realmente revolucionária, era a
de democratizar essa estrutura diminuindo drasticamente a separação entre os
diferentes níveis, estimulando a comunicação entre todos os membros, incluindo
todos (inclusive o ambiente) no processo terapêutico, fazendo com que os
internos participassem da condução do dia-a-dia da Comunidade. As Assembléias
Gerais com a participação dos internos, todos com o direito de perguntar e de
expor suas idéias, garantiam a manutenção dos objetivos propostos.
Os resultados alcançados foram bons, mas a prática indicou
algumas correções de rumo, sem prejuízo das diretrizes básicas. Maxwell Jones
havia ressaltado a participação ativa dos internos na própria terapia, a
comunicação social democrática e igualitária, o envolvimento de sentimentos,
permitindo a redução de tensões sociais.
Elena Goti, em 1997, lembrando que a CT não se destina a
todo tipo de dependente, diz que ela deve ser aceita voluntariamente e que o
residente é o principal ator de sua cura, ficando a equipe com o papel de
proporcionar apoio e ajuda.
George De Leon, em 2000, enfatiza que a CT é uma abordagem
de auto-ajuda, fora das correntes psiquiátricas, psicológicas e médica. Fala
sobre a natureza terapêutica de todo o ambiente, sobre sua grande flexibilidade,
no enfoque da pessoa como um todo e diz que é um processo a longo prazo, que
deve resultar em mudança pessoal e no estilo de vida. Finalmente, adverte sobre
o perigo de serem introduzidas práticas que contrariem a essência da proposta
da CT.
A Comunidade Terapêutica para o dependente químico, graças à
sua grande flexibilidade tem sido adotada em países com diferentes formas de
governo, de culturas diversas, de vários graus de desenvolvimento e de
religiões diferentes. Quando seus princípios básicos são respeitados os resultados
obtidos são bons, o que explica sua multiplicação constante em todos os
continentes.
FONTE:
http://www.febract.org.br/
Bibliografia Básica
1. DE LEON, George. A Comunidade Terapêutica: Teoria, Modelo e Método. Ed. Loyola, 2003;
2. FEBRACT. Drogas e Álcool - Prevenção e Tratamento. Ed. Komedi, 2001;
3. GOTI, M.E. La Comunidad Terapéutica - Um desafio e la droga. Ed. Nueva Vision, 1990.
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