Está difícil de acreditar que alguém está se preocupando com o gravíssimo problema que o mundo enfrenta atualmente que é o das drogas e alcoolismo.
Infelizmente, a maioria das pessoas ainda acredita que é um problema dos outros ou que a situação ainda não é a de uma calamidade pública.
O Governo Federal Brasileiro anuncia que está destinando recursos na ordem de Quatro Bilhões de Reais para combate ao “crack”, tráfico e uso de drogas, e também para o tratamento. Vamos analisar então, o raciocínio, pois, não se pensou muito pouco na prevenção; e o planejamento com relação a prevenção teve comentários muito tímidos, falando-se indiretamente que a prevenção está diretamente relacionada a repressão ao tráfico e distribuição; com projetos de se intensificar patrulhamento nas escolas e áreas denominadas de maior risco.
Bem, o projeto inicial deveria conter, ao nosso entendimento, três pilares básicos para uma destinação de verba, já que o foco estaria sendo na verdade apenas dois. Então, já que está faltando mais atenção a um, e o pior, também ao nosso entender, o principal, vamos fazer uma pequena e necessária viagem no tempo, precisamente dia “Dois de Outubro de 1974”, quando Edson Arantes do Nascimento, o “Rei Pelé”, deixou o futebol.
No dia em que deixou o futebol, em uma entrevista naquele momento, todo mundo achou muito estranho as palavras e a preocupação de Pelé, que eram um tanto alheias ao esporte e ao futebol; pois, Pelé insistia em dizer que era preciso que todos se preocupassem com as crianças; que se preocupassem com o futuro do Brasil cuidando de nossas crianças. E será que foi tomada alguma atitude desde então, seguindo-se aquelas sugestões de Pelé? Se foi tomada, porque então o Rio de Janeiro tem tanto problema com o tráfico nos morros? Usamos o Rio de Janeiro aqui como exemplo em virtude da grande exposição na mídia em face as Olimpíadas 2016. Mas, a droga cresceu em uso e distribuição em proporções descomunais da época do fim da carreira de Pelé para os dias de hoje; em qualquer parte do Brasil.
Existe uma citação de Amador Aguiar, o já falecido fundador do Banco Bradesco que uma vez disse a seguinte frase: “Ensina uma criança a seguir por um caminho e até a morte ela jamais se desviará dele”. E se relembrarmos também outras tantas frases e ditos populares como “melhor prevenir que remediar”, “é de pequenino que se torce o pepino”, e tantos outros. Remete-nos isto tudo ao, claro, trabalho de prevenção, educação e formação. E é o que entendemos que seria extremamente importante no planejamento para que, infelizmente, a muito longo prazo, não tivéssemos mais tantos problemas e desgraças causadas pelas drogas no futuro.
As pessoas hoje em dia estão sendo hipócritas ou continuam acreditando que a droga só vai “bater” na porta do vizinho. Por isso, e muitas outras dezenas de motivos que seria extremamente necessário um trabalho de prevenção ou recuperação não apenas com as crianças ou dependentes químicos e alcoólatras, mas, fundamentalmente com as famílias. Pois, todo local de internação para recuperação faz esta espécie de trabalho de acompanhamento familiar com as famílias dos pacientes. Mas, em sua maioria com grande índice de fracasso, em virtude do despreparo e desinformação desses familiares. Costuma se dizer em Centros de Recuperação que, o residente em recuperação volta pra casa mas, encontra a geladeira cheia de cerveja! Em muitos casos ainda se arriscam em dizer que se as famílias fossem tratadas teríamos muito poucos adictos. E em muitos casos a família é a grande responsável pela recaída do dependente químico ou alcoólatra.
Há casos em que o desajuste familiar que vem desde a infância de um filho ou filha, tem a identificação psicológica de que esta pessoa, atual usuário ou adicto tenha crescido com total desajuste, que foi culminar com a desgraça no seu futuro. E enganasse completamente quem acredita que a criança que foi criada num lar maravilhoso, com todo conforto material, com todos os privilégios possíveis e imagináveis, não será nunca um usuário de drogas ou alcoolista no futuro. Pois existem inúmeros estudos e pesquisas que uma pessoa que também tenha tido uma “vida de regalias” desde a infância não estaria “vacinada” contra as drogas ou alcoolismo. Muitas vezes pelo contrario, estas facilidades é que a levaria para o submundo da adicção.
Indiscutivelmente é fundamental que o trabalho de prevenção venha ser extremamente importante no combate as drogas, mas, até quando teremos que “fazer de conta” que acreditamos ser melhor ter condições de se ter bons remédios ao se ter uma boa alimentação e qualidade de vida para que não se precise tomar tantos remédios no futuro.
E com toda essa argumentação exposta, ainda podemos observar que existe uma discrepância bem maior quanto à problemática das drogas no Brasil. Os problemas, sob a ótica dos órgãos governamentais, são apenas o “crack” e o tráfico?
E os acidentes de transito com motoristas alcoolizados cada vez mais crescentes? E as grandes apreensões de maconha e cocaína que periodicamente vemos na imprensa são parte de quais problemas com as drogas?
Se formos enumerar o uso indiscriminado de drogas e de bebida alcolica, assim como a variedade de drogas a disposição para uso, seria necessária a explanação aqui com uma quantidade de parágrafos inumeráveis.
Claro que, como se diz na linguagem popular “o buraco é mais embaixo”.
Esperamos que não entendam esta postagem como crítica política, e muito menos como uma postagem de protesto. Esta é apenas uma postagem de questionamento, sem intuito de gerar polêmica, em virtude de que nossa opinião é a de que se deveria dar mais atenção a especialistas que convivem no dia a dia do mundo das drogas e do alcoolismo. Porque, acreditamos que sim, são necessárias as distribuições de verbas e os projetos sérios de combate ao “flagelo da humanidade” o qual vivemos dizendo que é o mal do Século XXI, o atual uso indiscriminado das drogas e da bebida alcoólica. Mas, gostaríamos que fossem dadas maiores atenções aos trabalhos de prevenção e reeducação de dependentes químicos e alcoólatras, bem como de seus familiares; com mais apoio a quem trabalha sério na área, recuperando ou tentando recuperar vidas que estão na eminência de terem fins trágicos, ou pior, de tirar a vida de pessoas que muitas vezes nem ao problema estão relacionadas, já que o uso indiscriminado do álcool e uso de drogas ilícitas é, atualmente, o maior responsável pelo aumento absurdo da violência, assim como de crimes como o patrimônio e acidentes de trânsito fatais.
Todo e qualquer profissional da área clínica ou terapêutica de dependência química sabe bem que o verdadeiro e necessário rol de prioridades de “combate as drogas” não deve se começar sendo enumerado pela repressão ao uso e ao tráfico. Talvez, até fosse necessário que se formulasse uma lista de prioridades com definições de medidas sem enumeração, com execuções paralelas e não se priorizando essa ou aquela.
Concluindo; todos os profissionais que estão ligados ao tratamento ou as causas físicas e psíquicas do uso de drogas ou alcoolismo aplaudem essa boa destinação de recursos para a área. Mas, como já ouvimos muitos comentários ditos por ai, onde paira uma simples pergunta no ar: “Será que não dava pra melhorar”?
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